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Advogada, cansada da rotina, resolve escrever sobre suas viagens, rotinas, diálogos que mantém com sua mente que é, definitivamente, inquieta.

sábado, 3 de maio de 2014

FRANCÊS E ÁGUA DE COCO

Desde o efetivo inicio das aulas, posso afirmar que meus dias foram muito agitados.
Voltar à clássica vida de estudante traz uma sensação de ter voltado no tempo. Justamente naquele tempo em que eu ainda não sabia que essa é uma fase excelente da vida.
No primeiro dia de aula, enquanto caminhava, parcialmente perdida pelas ruas de Paris, tive uma lembrança incrível do tempo em que meu pai me levava para escola de bicicleta e também do meu cachorro vira-latas que fazia de tudo para nos acompanhar. Enquanto atravessava a praça do Panthéon, fiquei imaginando o que me pai falaria se soubesse que, naquele momento, eu estava indo para escola...
A verdade é que a mesma menina continuava ali. Claro que absolutamente consciente do longo caminho que tive que atravessar para chegar até aqui. Porém, ali.
Ao entrar na sala, tive a certeza de que os estudantes de hoje tem multiplas oportunidades de descobrir o mundo e outras culturas. Meus colegas são das mais diversas partes do mundo e, para não perder a minha famosa sina, há entre eles aqueles famosos seres com os olhinhos puxados e que falam um francês que, apesar de correto, lembra a musica do opacanastar.
A Madame Emiliea, a professora, é uma atração à parte! Francesa (100%), fez questão de ser tratada por "vous", coisa que, para nós latinos, é difícil, pois no francês é mais fácil usar o "tu", que se pronuncia aqui "ti" ( com biquinho, por favor).
Confesso que, em um primeiro momento, Madame Emilie me pareceu muita chata e, aproveitando a nostalgia que o primeiro dia de aula me trouxe, desejei ser a Matilda ( daquele filme estrelado também por Danny Devito) e ter algum tipo de poder para me vingar dela. Mas, tudo bem, ela é um "noix de coco" (aqui a pronuncia é cocô...hehe), ou seja, tal qual um coco verde, é preciso quebrar a casca para descobrir a agua doce, definição que foi dada pela própria Madame Emilie que hoje foi até tomar um café com  meu grupo.
Somado a tudo isso, mudei de casa e agora estou sozinha em um apartamento que é lindo e super bem localizado. Eu adorei, mas claro que vou sentir falta da minha casa antiga. Primeiro porque fiz uma ótima amizade com a francesa que me acolheu, a Bené, e,segundo, porque vou sentir falta do gato dela que se chamava petit gris ( cinzinha).
Foi muito bom quebrar a dieta do cinzinha. Explico o porquê. O gato da Bené era super gordo e ela dava o minimo de ração pro coitadinho, pois ele estava de dieta. Assim, quando ela saia para o trabalho, eu enchia o cinzinha de comida. Claro que ele me amava!
A própria Bené era super natureba e, certo dia, ela ficou super gripada e disse que precisava "fazer a vitamina" para se recuperar logo. Pensei, que ótimo, ela vai fazer uma deliciosa vitamina para nós! Decepção, "fazer a vitamina" era sentar na frente da fruteira e comer uma fruta. Ah! Pensei! Uiii, coitada! Disse, então, que faria uma comida brasileira, com sustância. Ela disse que não queria, mas só foi sentir o cheiro do tempero que mudou de opinião. Ela, muita branca que é, comeu tanto que ficou vermelha. Pensei, "matei a francesa"!. Que nada, no outro dia a Benê já estava bem melhor. Assim, ela e o cinzinha, o gato balofo, passaram a ser grandes amigos! Nunca foi tão fácil!
No mais, tenho encontrado pessoas maravilhosas e que sentem prazer em encontrar um amigo para tomar um café, comer alguma coisa juntos ou, simplesmente compartilhar um pouco de companhia. Essa é uma coisa boa que os brasileiros não tem muito. Ficamos semanas, meses, anos sem encontrar uma pessoa que gostamos. Sempre falamos que estamos correndo, sem tempo e blá, blá, blá, além do famoso "vamos marcar"... Se vcs soubessem o bem que esse momento pode trazer, adotariam esse bom hábito! É isso!

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